segunda-feira, 6 de agosto de 2012

CAI FORA, PACHECO.

                                 
O Ferreira já tinha esgotado todo o estoque de desculpas e não sabia mais o que fazer para o Pacheco não aparecer em sua casa na hora do jogo.
Era a mulher que estava com depressão, com crises de agressividade contra amantes do esporte. Ou então, que havia ganhado um pittbull pouco amável com visitas. Inventou que estava reformando a casa e por essa razão não tinha condições de receber os amigos, além do que, a televisão estava no conserto. Chutava que iria viajar ou que teria que fazer hora extra no escritório.
Mas o Pacheco não queria nem saber. Dia de jogo do Brasil, ele tinha que bater o ponto na casa do Ferreira. Folgado, tomava conta do melhor lugar no sofá, perguntava pelos salgadinhos deliciosos da D. Maria, da estupidamente gelada, só aguardando a partida começar.
Fim do sossego e início do desastre. Pacheco era o camisa doze da Seleção, gritava o tempo todo, pulava sem parar, chutava no ar, xingava todo mundo, como se estivesse dentro do campo.
Certa vez, o Ferreira inventou uma história, dizendo que estava fazendo um trabalho voluntário para uma ONG, tentando reabilitar jovens delinquentes e assim ele teria que recebe-los em sua casa para assistirem jogos de futebol. Não deu certo!
O Pacheco adorou a ideia, declarando que sempre teve o sonho de poder ajudar as pessoas por um mundo melhor.
E o Ferreira, coitado, ficou numa sinuca de bico, sem saber o que fazer. Chegou para o Pacheco e gritou: lembra-se do pênalti perdido do Zico em 86, dos 3 X 2 contra a Itália em 82, da final de 98 contra a França. Mas nem a pau que você vai assistir comigo o jogo do Brasil. Vai ser pé frio lá no Polo Norte.
E o Cafu ergueu a taça, sem o Pacheco por perto.
Na final do tri mundial do São Paulo, o Xuléco fechou a sete chaves a porta de sua casa. O Pablito convocou “os manos” para sequestrar o Pacheco na final da Libertadores contra o Boca e o Japonês da peixaria importou meia dúzia de mestres faixas preta na final do Verdão da Copa do Brasil.
Alguém disse que viu pela televisão, o Pacheco nas arquibancadas dos ginásios e estádios de Londres. Será?

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