terça-feira, 31 de julho de 2012

QUE TAL UMA BOA CONVERSA?

                       
Por que não respeitar a opinião do outro, mesmo que discorde da minha? Senão é cada um querendo impor "suas verdades"
Se você despreza a opinião do outro é porque não sabe ouvir, e fica falando sozinho, não chegando a lugar algum.
Em vez de buscar os erros do adversário, aproveite o tempo para esclarecer suas ideias e tem que ser esperto para saber quando termina, o assunto esgotou-se, frases repetitivas.
É a hora da razão.
E QUEM DISCORDAR DA MINHA OPINIÃO, NADA QUE UMA BOA CONVERSA NÃO RESOLVA.

RACISMO NO ESPORTE

                               

A atleta Voula Papachristou nem bem chegou a Londres para representar seu país no salto triplo e já está dando um salto de volta para casa.
Um comentário inadequado sobre africanos que residem na Grécia caiu nas redes sociais, ganhando milhares de respostas desaprovando o ato e um manifesto foi entregue ao Comitê Olímpico exigindo a sua exclusão dos Jogos de Londres.
O jogador da seleção de futebol da Suíça, Michel Morganella, também foi expulso dos Jogos Olímpicos, após a derrota para a Coréia do Sul, por ter xingado de "mentalmente retardados" os atletas asiáticos.
O Barão de Coubertin teve a ideia de unir todos os povos através do esporte, baseando-se nos modelos deixados pela civilização grega e criou os Jogos Olímpicos da Era moderna.
porém, ao longo dos tempos, nem todos respeitaram esse ideal. Em Berlin, 1936, o americano Jesse Owens desafiou a soberba de Hitler, conquistando quatro medalhas de ouro no atletismo, derrubando assim, a ideia de superioridade da raça ariana, pregada pelo ditador.
Em 1968, nos Jogos realizados no México, os velocistas Tommie Smith e John Carlos, respectivamente ouro e bronze nos 200m, ao subirem no pódio para premiação, ergueram uma das mãos, que estavam com uma luva e mantiveram cerradas no ar, como protesto ao racismo existente nos Estados Unidos.
No futebol, demonstrações de racismo acontecem com frequência como o caso de Grafite, então jogador do São Paulo, na Libertadores de 2005, quando foi expulso na partida contra o Quilmes , na saída, foi xingado de macaco pelo adversário. Prestou queixa 'a polícia, sendo um dos casos mais polêmicos de racismo do futebol brasileiro.
Junior, ex-jogador do Flamengo, Roberto Carlos e tantos outros atletas que jogaram no exterior também passaram por situações de preconceitos, sendo xingados e agredidos.
Infelizmente, quando acontecem casos de racismo em estádios brasileiros, ou são ignorados pelas autoridades ou então negados pelos autores. Geralmente os atletas procuram colocar o esporte acima de tudo.
Ah! É o calor do jogo. Sabe como é, durante o jogo, de cabeça quente. São sempre citadas as velhas desculpas e punição mesmo acaba em pizza.
Não se pode admitir que em pleno século 21 a pessoa briguem por causa da cor da pele.
Acredito que os professores de Educação Física tenham um papel importantíssimo, formando alunos em cidadãos que tenham respeito uns pelos outros.

terça-feira, 24 de julho de 2012

ARREMESSO DE PEDRA, CABO DE GUERRA, TIRO AO ALVO EM POMBOS, NATAÇÃO COM OBSTÁCULOS NOS JOGOS OLÍMPICOS:


Agora é a sua vez. Caprichou na escolha da pedra, jogou o braço direito para trás e com toda força que tinha, arremessou o mais longe possível. Ganhei! Ganhei!  Manequinha pulava de alegria e nem deu bola pelo fato de sua pedra ter acertado o vidro da janela da D. Berta. Naquele tarde ele era o campeão do arremesso de pedra.
Tudo começou na Escócia, onde os competidores arremessavam pedras para provar quem era o mais forte e em 1904, nos Jogos Olímpicos de S. Louis, o ARREMESSO DE PEDRA  fez parte do programa, embora não se tenha registros de quem foi o campeão, sabe-se que as pedras tinham que pesar 6,4 Kg, dando origem ao arremesso de peso que faz parte até os dias de hoje das provas de atletismo nas Olimpíadas.
E quem já não brincou de cabo de guerra? Uma equipe de cada lado, puxando a corda, tentando trazer o adversário para seu lado. Pois o CABO DE GUERRA foi um dos primeiros esportes praticados nas Olimpíadas, em 500 a. C.. Na era moderna, sendo considerada uma modalidade do atletismo, o cabo de guerra foi disputado entre as Olimpíadas de 1900 e 1920, sendo que em 1908, em Londres, a polícia local foi a campeã.
Esporte é sempre esporte, embora nem todo esporte seja olímpico. Quem tem o poder de decidir é o COI – Comitê Olímpico Internacional, onde uma série de exigências  são impostas e sempre com sete anos de antecedência dos jogos em questão.
TIRO AO ALVO EM POMBO VIVO, quem diria, já fez parte do programa olímpico, felizmente, para alegria dos pombos, essa modalidade só foi realizada uma vez, em 1900, com cerca de 300 pombos sendo sacrificados.
Em 1908, o Comitê organizador em Londres, permitiu a realização de uma competição de MOTONAÚTICA, sendo a primeira e única vez que um esporte motorizado participou de uma Olimpíada.
O ARREMESSO DE PESO E DISCO COM AS DUAS MÃOS aconteceu apenas na edição de 1912, em Estocolmo, com os atletas finlandeses dominando as provas. A partir de 1920, os  dirigentes padronizaram a competição com o uso de apenas uma mão.
Um esporte muito antigo, o RÚGBI foi muito popular nos Jogos Olímpicos de 1900, 1908, 1920 e 1924, mas esse sucesso trouxe a profissionalização e o COI aceitava somente esportes e atletas amadores.
Nas três primeiras edições, o LEVANTAMENTO DE PESO era executado COM APENAS UMA MÃO e a partir de 1908, passou-se a utilizar as duas mãos que prevalece até os dias de hoje.
O CICLISMO, modalidade tradicional de Olimpíadas já foi disputada de outra forma; em 1896, em Atenas, os atletas pedalavam durante 12 horas seguidas, ocorrendo muitas desistências e o austríaco Adolf Schmal foi o vencedor percorrendo cerca de 290 quilômetros.
E se Cesar Cielo tivesse participado da prova de NATAÇÃO nos Jogos de Paris, em 1900, teria passado muito trabalho, pois a prova, realizada no rio Sena, era uma combinação de natação e uma pista de obstáculos, onde os competidores tinham que passar por cima de um poste, por uma fileira de barcos e outras barreiras pela frente.
No período entre 27 de julho até 12 de agosto, acontece a 30 edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Londres, onde 204 países, num total de 10.500 atletas disputarão medalhas em 26 esportes, com o lema “ INSPIRE UMA GERAÇÃO”.

terça-feira, 17 de julho de 2012

DADO E O PALESTRA

             
Revolução de 64, os militares tomam o poder, mas para Dado, com oito anos, a revolução de verdade foi a sua estreia num campo de futebol.
Junto com seu tio Pedro, que o segurava firme pelas mãos, com receio que sumisse na multidão, o moleque atravessou o portão principal do Parque Antártica, como se estivesse em outro planeta e com os ouvidos grudados no radinho de pilha, onde narradores e comentaristas debatiam sobre a partida.
A música tocava alto, o barulho dos torcedores, o vendedor de cachorro quente, outro no ooooolhaaaaaaa o picolééééééééé, tudo era festa, aguardando a entrada dos times em campo.
Dado e seu tio subiram os lances da escada, encaminhando-se até o meio da arquibancada e torcedores ansiosos, ajeitando-se em seus lugares. O gramado perfeito com linhas brancas demarcando, caprichosamente, o campo de jogo, as traves com as redes esticadas e os olhares de todos direcionados para as escadas de onde surgiria seu time de coração.
O coração querendo sair do peito até que surge o alvi verde imponente, no gramado em que a luta o aguarda, a arquibancada treme, foguetório, a torcida vibrando, berrando os nomes de seus craques.
O jogo podia não ser um clássico tradicional, mas para Dado, aquele Palmeiras e Juventus era como se fosse uma final de Copa do Mundo.
Quando o Palestra entra em campo, o tio Pedro tenta, sem sucesso, acalmar o pequeno Dado, mas o menino estava vivendo um dia de sonho. Ele conhecia todos os jogadores, colecionava todos os álbuns de figurinhas, tinha um timaço do Palestra no futebol de botão e o verde e branco pintavam seus sonhos de tornar-se um jogador de futebol.
Tinha o genial Ademir da Guia, o incansável marcador Dudu, o ligeiro ponta direita Gildo, a segurança de Valdir no gol, mas seu ídolo era Vavá, centro avante bi campeão mundial em 58 e 62, um verdadeiro leão e artilheiro do time.
De repente!!! Contra ataque do Palestra, o zagueiro adversário dá um chutão para a arquibancada, na direção de Dado, seu tio amortece com suas mãos enormes e entrega para o sobrinho. E ele vem próximo da arquibancada, separado pelo vão dos jardins suspensos do Parque Antártica e pede que a bola seja devolvida. Ele mesmo, seu herói Vavá.
O lateral esquerdo Ferrari bate o lateral, Servilio domina com classe e toca de trivela para Ademir da Guia que, mesmo com dois marcadores partindo para cima dele, dá um leve toque para a direita e faz um lançamento perfeito para Gildo, que avança pela direita, deixa para trás seu marcador, chega à linha de fundo e cruza com perfeição para o meio da área.
Vavá, sempre ele, sobe mais que os zagueiros, mata no peito, dá uma finta de corpo e num voleio sensacional e indefensável, abre o placar para o Palmeiras.
O resultado final foi uma goleada de 6 X 0 frente ao time da Mooca, com 3 gols de Servilio, 2 de Vavá e um de Rinaldo.
Foi a primeira vez que Dado assistiu um jogo no estádio e passados quase 50 anos, ele se lembra de cada lance daquele dia especial com seu tio Pedro, um homem que foi exemplo de caráter, de honestidade, com sua simplicidade e que proporcionou tantos momentos inequecíveis na vida do menino Dado.

terça-feira, 10 de julho de 2012

O DONO DA BOLA

                                         E a turma vai chegando. Picolé mora na rua do mercado da D. Belinha, a última casa da ladeira, vem descendo, chutando pedra e já quase na esquina, dá um grito na frente do sobrado amarelo. Ferrugem abre a porta, salta os cinco lances da escada, pula o portão e se junta ao amigo.
No caminho encontram o Pitin que mora no décimo andar e querendo bancar o esperto, disse ter descido pelas escadas, embora não pareça cansado. O Pitin, o pessoal já conhecia por ser um contador de estórias e por ser ruim de bola.
No quarteirão de cima, o Alfredinho vinha de bicicleta, todo arrumadinho, tênis novinho, meias brancas " a la OMO". Jogava parado para não suar e nem desmanchar o cabelo, caprichosamente protegidos por uma toca.
Pedy gostava mesmo era de jogar no gol e como jogava. Não tinha medo de cara feia, dividia todas e era meio louco. Além disso, era meio cegueta, mas como usava lentes de contato, nem todos sabiam desse detalhe.
E Chicote, o craque da turma, com a bola debaixo do braço, um tênis meia boca e fazia o que queria com a bola, fazendo-a parecer um balão de festa de aniversário. É hora do jogo.
Boné surrado, cabisbaixo, sapato de cromo alemão brilhando, contrastando com uma velha calça de tergal e camiseta regata bem larga. O velho e bom Seu Valter.
Nos anos 60 ele chegou a jogar no Santos de Pelé, mas um joelho bichado não permitiu que fosse adiante e passou a treinar equipes na várzea. Não tinha quem não o conhecesse, pois ele cruzava a cidade garimpando futuros craques.
De uns tempos para cá, vivia de aluguel numa quitinete e fazia bicos na padaria do seu Manoel, que era bem próxima do campinho da molecada. Entre um cafezinho e um sanduiche de mortadela, os clientes paravam para assistir as peladas, o que deixava o velho português feliz da vida, enquanto o Seu Valter observava atentamente aos lances do jogo.
Num feriado de 7 de setembro, a padaria cheia, Seu Manoel atendendo e contando umas piadas, o Seu Valter tomando uma média no balcão e nada de bola.
Chicote e a turma estavam sentados no meio fio do outro lado da rua jogando conversa fora. Seu Valter aproximou-se e quis saber o motivo do desânimo.
A bola furou. Não deu tempo e tirou o velho boné, encaminhou-se até a padaria e partiu para o ataque. Seu Manoel puxou a fila e rapidamente colocou uma nota de 10 e o efeito dominó engrenou, a molecada entrou no clima, esticando as camisas e a alegria voltando em suas faces.
Compraram uma bola novinha, couro puro e ainda sobrou uma grana para comprar algumas camisas do Palmeiras e do São Paulo, que serviriam de uniforme durante as peladas.
Mas estava apenas começando e o Seu Valter teve outra ideia e sugeriu que o Seu Manoel colocasse uns cartazes dos produtos da padaria ao redor do campinho. Propaganda feita, o movimento aumentava e pares de tênis zerados foram comprados.
Com o tempo, outros comerciantes passaram a cooperar, a molecada vendia pipoca e amendoim durante os jogos e ganhavam metade do lucro obtido. Conseguiram comprar uma lona usada de um circo para cobrir o campinho e assim, mesmo com chuva, o espetáculo estava garantido.
Foi um tempo maravilhoso, peladas memoráveis, o tempo passou e nenhum deles, nem mesmo Chicote, tornou-se jogador profissional, porém, toda essa demonstração de solidariedade, perseverança, união fez com que Picolé, Ferrugem, Pitin, Alfredinho, Pedy e Chicote se transformassem em verdadeiros homens de caráter e com muito orgulho do Seu Manoel e do Seu Valter.

terça-feira, 3 de julho de 2012

O BOA PRAÇA CESINHA DO MIRAMAR


É o cara que todo mundo quer ter como amigo. Sem essa de tempo feio, de acordar com o pé esquerdo, de achar que nada dá certo.
Ora, todo de branco, parecendo um doutor, ora com seu paletó ou então com a camisa do Corinthians, dependendo do resultado do jogo no fim de semana e lá vem ele, com o sorriso nas orelhas, distribuindo bom dia para todo mundo e se o Miramar ganhou no sábado... seguuuuuura o Cesinha.
Nascido em Florianópolis e filho da terra de Santa Luzia, aos 13 anos já dava seus primeiros chutes no time do Luziense. Em 1990, começou a participar da equipe do Veteranos do Miramar e não tem como imaginar o Cesinha sem o Miramar e vice versa.
Já passou dos 400 jogos pela equipe e é um atleta polivalente na defesa, sendo que por muito tempo foi o dono da camisa 6,na lateral esquerda. Mas, se fosse preciso, jogava pela lateral direita ou na zaga, aonde vem jogando atualmente, mas sempre com um enorme espírito solidário que é uma marca do Cesinha.
O início das atividades do Veteranos do Miramar não foi nada fácil. Não tinha campo e nem sede, mas com a determinação de todos os componentes, aos poucos, foram superando todos os obstáculos e hoje, tendo 'a frente, como presidente, meu ex-companheiro de zaga, Luciano Machado, a sede está praticamente concluída no Sertão de Santa Luzia, sendo uma das equipes máster mais respeitadas na região.
O Cesinha tem uma grande contribuição nesse processo. Atual diretor técnico é ele que tem a árdua função de montar o calendário dos jogos durante o ano todo. É telefonema pra cá e pra lá, imprevistos no meio do caminho, uma ou outra mudança, mas a tabela vai fechando e depois de concluída, Cesinha, com a calma de sempre, tira cópias e distribui para todos os atletas, embora sempre reforce o aviso do próximo jogo.
Chega o dia do jogo, os atletas vão chegando ao ponto de encontro, vão acomodando-se nos carros, rumo ao campo. No vestiário, chuteiras para todos os lados, a pomadinha milagrosa que não pode faltar e a distribuição do uniforme. De quem é a 6? e a camisa é arremessada para o Cesinha, quem mais?
No campo, o pessoal se aquecendo, chutando bola em gol e o Cesinha chama todos para a rodinha. Hora da oração, puxada por ele, o pedido para jogarem com raça, sem bola perdida, marcação forte, muita determinação e o grito de guerra: MIIIIIIRAAAAAAAMAAAAAAAR !!!!
Durante o jogo, ele é raçudo e dotado de um excelente preparo físico, parece um carrapato marcando os adversários. Mas sai de perto quando o treinador resolve substituí-lo; parece uma criança, fica emburrado, cara feia e sai bem descontrariado.
Mas, me digam quem gosta de sair de um jogo? E com o Cesinha isso não é diferente, embora hoje, mais maduro, entenda melhor esse tipo de situação.
Teve um jogo em 95, no campo do Luziense contra o Vila Real. O Cesinha tinha viagem marcada à noite para Aparecida do Norte. Outro, talvez, faltasse no jogo, mas o Cesinha não perderia por nada.
E veio o prêmio. O jogo terminou 2 X 2, mas Cesinha, após um perfeito lançamento, caiu pela linha de fundo, avançou e, no contra pé do goleiro, marcou o gol de empate, sendo considerado o melhor em campo. Durante a semana seguinte, quem cruzasse por ele na rua ou na Prefeitura, iria escutar por inúmeras vezes a descrição do gol dele. E gueeeenta o Cesinha.
Após o jogo, na recepção, é o relação pública, atendendo o pessoal da equipe adversária com muita educação e sempre muito prestativo. Enquanto todos estão jantando, de novo ele, no comando da rifa, com brindes que ele conseguiu durante a semana.
No final do ano, a diretoria do Miramar organiza um congraçamento com os atletas, colaboradores e as famílias. Há premiações para os artilheiros, o tradicional amigo secreto, homenagens aos atletas e em 2011, o destaque do ano foi o Cesinha, por tudo que fez dentro e fora do campo, prêmio mais que merecido de alguém que se doa completamente para a equipe do Miramar.
O Cesinha é um figuraço. É o cara. É do bem, alguém com quem sempre pode se contar.