quarta-feira, 23 de setembro de 2015

SINCERIDADE

 Parece fácil, mas não é. Mas tem hora que você dá uma pisada na bola, engole fundo garganta abaixo o que está querendo explodir pela boca, mas faz a escolha por segurar, relembrando a educação que teve, ou então, por respeito. A vontade de falar poucas e boas vai perdendo força, embora esteja convicto que ele mereça ouvir, mas prefere calar-se e tudo fica por isso mesmo.
Com certeza, muitos falarão que não foi sincero e sua consciência ficará sussurrando nos seus ouvidos, pois em algumas situações, a sinceridade lhe é imposta.
Com nossos amigos, a sinceridade tem que ser algo normal, embora, por vezes, a melhor maneira de conservarmos uma amizade, é mudar de assunto e deixarmos de lado algo que possa criar um clima desfavorável.
E se seu amigão do peito, num belo dia que acordou com o pé esquerdo, chegar pra cima de você e acertar com tudo na sua canela. Ôpa! Ôpa! É o momento de ir para o ataque e sem esse papo de ficar só escutando, acuado no canto e sem abrir a boca.
Ele terá que  ter uma boa explicação a respeito de sua atitude destemperada e, quem sabe, reconhecer o erro e pedir desculpas.
Iso é ser amigo de verdade. Falou mais do que devia e deixou alguém para baixo} Muita calma nessa hora, pois não conhece a fundo essa pessoa e ações e atitudes que podem parecer normais para nós, talvez do outro lado, há alguém que não pensa assim e o barulho está feito e ele acaba se ofendendo.
Se alguém te magoar, estragar o seu dia, o melhor que tem a fazer é procurar essa pessoa e usar de toda franqueza, abrir o jogo e com uma sincera lealdade. Caso se afaste e deixar por isso mesmo, quem te chateou, pode não ter  assimilado e nunca ficará sabendo o que aconteceu realmente.
Acredito que todos nós já demos uma mancada nessa vida, um fora daqueles bravos. Mesmo acreditando que não houve intenção ofender alguém,  o estrago já foi feito.  Tem que aprender com essa bola fora, tentando evitar a mesma mancada.
Dê o braço a torcer e solte o tradicional “ desculpe, mas eu estava errado”

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

MAIS OU MENOS

                   

Sossega um pouco, Tina! Mas não tinha jeito e ela não cansava de tanto correr para todos os lados, pulava  sem parar e falando o tempo inteiro.
Tina cresceu e continua reclamando, como nos tempos de criança, que está sempre sem tempo, vira e mexe, atrasa-se para seus compromissos e até deixa de ir em alguns por falta de tempo. Lembra que antigamente, a sua rotina era bem agitada, sempre inventando coisas, mexendo em tudo que via pela frente, sempre a mil.
Na escola era a primeira a chegar na sala de aula e, sem perder tempo, arrumava seu material escolar, fazendo trocentas perguntas para a professora.
Nem bem batia o sinal para o recreio, saia em disparada para o pátio, brincava de tudo, devorando seu lanche ao mesmo tempo. Sempre correndo.
Chegando em casa,quem  sofria era o Bob,  seu vira lata de estimação, perdendo o sossego e indo pra cima e pra baixo com a Tina.
De vez em quando, sobrava umas boas palmadas da mãe por não ter  feito os deveres com mais calma. E corria.
Hoje em dia, Tina continua correndo. É uma perfeita velocista em busca de mais uma medalha no seu dia a dia de trabalho e tem a mesma mania de querer abraçar o mundo a cada amanhecer, embora nem sempre, ela tenha o retorno por sua dedicação.
O café é engolido em pé mesmo, o almoço devorado, leva o filho para a escola, desiste do suco de laranja e abusa da coca cola.
De novo!! Atrasado para a aula de natação e vê se não esquece de arrumar a bagunça de seu armário.
Não adiante ficar louco, arrancar os cabelos, pois no final do dia, mesmo que você tenha dado conta do recado, pode tirar o cavalinho da chuva e saiba que sempre irá faltar algo para fazer.
Chega dessa rotina chata de querer fazer tudo ao mesmo tempo, pensando que, dessa forma, lhe sobrará tempo para fazer algo que tenha prazer.
O que não pode acontecer, de forma alguma, é deixar de sonhar, de ser amigo e ter amigos, de ter fá, acreditar sempre, senão sempre seremos pessoas mais ou menos.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

CANJA DE GALINHa

                    
Todo santo dia era a mesma coisa. A D. Maria quebrando o pau com o Agenor. Agenoooooor, apaga a luz do banheiro e  desliga logo esse telefone. Se for tomar banho, tem que ser rápido e de água fria. Televisão ligada só na hora do jogo e da novela e vê se tira da tomada quando for dormir.
Tudo bem que não precisava deixar chegar nesse ponto, poderiam fazer um ajuste lá atrás, deixar a carteira no bolso, cortar despesas, mas pareciam o Usain Bolt nos 100 metros, numa disparada afoita, libera aqui, autoriza ali que damos jeito na fera. Grana faltando, despesa crescendo a galope, as coisas fugindo do controle e a culpa para variar sobrando para os outros.
E coitado da D. Maria. A bolinha dela tá bem murcha, sem crédito na praça. Até tenta explicar  para o Seu Manoel, da padaria, mas ele não escuta e não quer nem saber.
E olha que não foi por falta de aviso. A D. Maria segue em frente, deixando para amanhã e vai adiando suas decisões, negando-se a dar respostas que esperam.  Talvez não tenha essas respostas ou então o que falta é vontade ou  incompetência.
Para a D. Maria está tudo uma maravilha e nem passa pela sua cabeça, razões para preocupar-se.
A  caneta é poderosa e a tesoura, afiadíssima. Se demorou ou não, não se sabe, mas percebe-se que o buraco fica mais fundo a cada dia que passa e o mais preocupante é que continuam escavando com força máxima.
O dono da farmácia contou para a D. Maria a história do filme, que trata-se do reino de Lavanduja, onde os súditos viviam para pagar altos impostos, embora para alguns, a crise passava bem longe.
O povo revoltou-se, foi ‘as ruas reclamando por seus direitos. Foi um Deus nos acuda.
Deixando o filme de lado, a  D. Maria tem que cair na real, pois a torneira da esperança e da prosperidade ficou aberta durante muito tempo.  A cachoeira está secando e as gotas de preocupação respigam para todos os lados.
A vovó já dizia que canja de galinha não faz mal a ninguém.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PAPAGAIO DE PIRATA



Para quem gosta de tomar rum, com certeza, irá lembrar-se de  uma famosa marca dessa bebida, que tem ilustrada em seu rótulo, um pirata que tem um papagaio em seu ombro.
E tem aquele cara que é rápido no gatilho e, nem bem aparece uma celebridade ou um político em frente das câmeras de televisão, lá está ele, todo bobo e sorridente, atrás deles. Uns mais discretos e outros mais exibicionistas que mandam beijinhos pra torcida.
Quem deve ficar muto bravo com essa situação, são os responsáveis pelo departamento de jornalismo das estações de TV, pois isso acaba dispersando a atenção do tele espectador, tirando o real conteúdo da informação e o bobão lá no fundo.
E daí} o cidadão é livre para estar onde bem entender.
Sua profissão, por favor} Papagaio de pirata, declara todo orgulhoso. Sempre com a mesma vistosa camisa xadrez e o bonezinho virado pra trás. Aposentado por invalidez e cheio de ficar em casa, não fazendo nada, partiu pra outra.
Assumiu o papagaio de pirata, sempre com a agenda lotada. Globo, SBT, Record, olha mãe, aquele chato de novo. É mais famoso que muito ator global, reconhecido nas ruas, uns pedem autógrafo, outros fazem o coro de chaaaaaatoooooo.
Outro dia, no centro da cidade, numa manifestação de rua, não quis nem saber, rompeu a barreira policial pra aparecer na câmera. Não deu outra. Foi detido, levado pra delegacia e não sossegou enquanto o delegado não o liberou, pois não poderia perder mais tempo. O jornal Nacional estava prestes para começar e ele iria aparecer no horário nobre.
Coisas de papagaio de pirata. Tem o maior orgulho e enche a boca pra falar que já ficou no ombro de muito jogador de futebol, de dupla sertaneja, de governador, presidente e a lista é enorme.
Quando perguntam se ele fica chateado por ser chamado de papagaio de pirata, fala na lata que é tudo inveja. As vezes, fica preocupado com a concorrência dos filhotes de papagaios de pirata que aparecem a todo momento.
Mas é macaco velho, ou seja, papagaio velho e se for preciso, dá um chega pra lá em busca de uma melhor posição. Alguns o respeitam e ele dá uma mãozinha, porém, nunca dando a receita do bolo.
Tem bronca de repórter, mas o cinegrafista, esse é o problema. Chega de dedo no nariz, manda ficar longe, mexe com a câmera pra tirar o foco. Mas, malandro que é, sempre dá um jeito.
Quer ser famoso, aparecer na TV e precisa de uma câmera 24 horas por dia para ser feliz, senão a depressão toma conta.
Foi amor ‘a primeira vista, apaixonou-se por uma velha câmera, vive recluso no meio do mato. Ele e sua amada.