quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O BANCO





Um dia desses, um amigo meu, o Fernandinho foi convidado, quer dizer, intimado a acompanhar sua namorada Deise a um shopping.
E lá foram eles, estacionamento lotado, mas conseguiram uma vaga, embora distante umas quatro quadras do local do crime. Pronto! Carro estacionado e vamos lá, mas antes, Fernandinho testa as portas, todas fechadas, dá umas três voltas ao redor do carro e, finalmente, despede-se do amigo querido e sente um puxão no braço; era a Deise arrastando-o para o calabouço.
Por um momento achou que estivesse na saída de um Palmeiras e Corinthians, lotado no Pacaembu... ooooolha o sanduiche de mortandela, chooocolaate 6 por 10, policiais pra lá e pra cá, e o bicho chegando mais perto e não deu nem tempo, a Deise já havia me abandonado por um monte de lojas com tudo quanto é tipo de produtos, bijuterias, o vestido da novela, a sandália que não dá calo, blusas, calças, sutiã, calcinha, e eu, parecendo  estudante atrasado para o vestibular...onde fica o banheiro? É só subir no segundo andar, primeira as direita, disse o guarda. Aperto o passo, subo a escada rolante no galope e banheiro ‘a vista... somente para funcionários. O cara da limpeza, percebendo o desastre que estava por vir, com a maior calma, me diz... no térreo, tem uma placa enorme e eu...AAAAAHHHHHHHHlívio total. Mas o dia estava apenas começando.
Deise propõe um café, aceito de bate e pronto. Café com leite, suco, pãozinho francês quentinho, queijo, presunto, mamão, abacaxi, outro suquinho pra rebater e, bom... pelo menos agora , o Fernandinho já sabia onde ficava o banheiro.
E sobe elevador, desce escada, dá a volta no andar e a Deise na peregrinação pelas lojas. Resolve sentar um pouco, caminha em direção a um banco para dar uma relaxada. Só faltou um aviso no desgraçado do banco. Favor não permanecer sentado por mais de um minuto. Banquinho sem vergonha, duro, sem encosto e joga a perna pra frente, o braço pro lado, dobra a perna, olha pro chão, vê as horas passando e nada da Deise aparecer. Procurei por todos os cantos a assinatura do designer do tal banco, mas nenhuma pista do criminoso.
Passados 21 minutos e 36 segundos, sim, porque só mesmo contando os segundos e minutos para tentar esquecer que estava sentado no banco, finalmente, a Deise reapareceu cercada de sacolas por todos os lados. Fernandinho, meu amor, pega um carrinho para guardar essas comprinhas? Mas a causa era nobre, pois Fernandinho poderia esticar as pernas.
Carrinho na mão, sacolas guardadas e a inevitável pergunta de um idiota: já podemos ir embora?
E a cacetada da resposta: Amor, vou só dar mais uma olhadinha naquela outra loja, mas é rapidinho. Por que não lê alguma coisa, sentado no banco?








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