quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PAPAGAIO DE PIRATA



Para quem gosta de tomar rum, com certeza, irá lembrar-se de  uma famosa marca dessa bebida, que tem ilustrada em seu rótulo, um pirata que tem um papagaio em seu ombro.
E tem aquele cara que é rápido no gatilho e, nem bem aparece uma celebridade ou um político em frente das câmeras de televisão, lá está ele, todo bobo e sorridente, atrás deles. Uns mais discretos e outros mais exibicionistas que mandam beijinhos pra torcida.
Quem deve ficar muto bravo com essa situação, são os responsáveis pelo departamento de jornalismo das estações de TV, pois isso acaba dispersando a atenção do tele espectador, tirando o real conteúdo da informação e o bobão lá no fundo.
E daí} o cidadão é livre para estar onde bem entender.
Sua profissão, por favor} Papagaio de pirata, declara todo orgulhoso. Sempre com a mesma vistosa camisa xadrez e o bonezinho virado pra trás. Aposentado por invalidez e cheio de ficar em casa, não fazendo nada, partiu pra outra.
Assumiu o papagaio de pirata, sempre com a agenda lotada. Globo, SBT, Record, olha mãe, aquele chato de novo. É mais famoso que muito ator global, reconhecido nas ruas, uns pedem autógrafo, outros fazem o coro de chaaaaaatoooooo.
Outro dia, no centro da cidade, numa manifestação de rua, não quis nem saber, rompeu a barreira policial pra aparecer na câmera. Não deu outra. Foi detido, levado pra delegacia e não sossegou enquanto o delegado não o liberou, pois não poderia perder mais tempo. O jornal Nacional estava prestes para começar e ele iria aparecer no horário nobre.
Coisas de papagaio de pirata. Tem o maior orgulho e enche a boca pra falar que já ficou no ombro de muito jogador de futebol, de dupla sertaneja, de governador, presidente e a lista é enorme.
Quando perguntam se ele fica chateado por ser chamado de papagaio de pirata, fala na lata que é tudo inveja. As vezes, fica preocupado com a concorrência dos filhotes de papagaios de pirata que aparecem a todo momento.
Mas é macaco velho, ou seja, papagaio velho e se for preciso, dá um chega pra lá em busca de uma melhor posição. Alguns o respeitam e ele dá uma mãozinha, porém, nunca dando a receita do bolo.
Tem bronca de repórter, mas o cinegrafista, esse é o problema. Chega de dedo no nariz, manda ficar longe, mexe com a câmera pra tirar o foco. Mas, malandro que é, sempre dá um jeito.
Quer ser famoso, aparecer na TV e precisa de uma câmera 24 horas por dia para ser feliz, senão a depressão toma conta.
Foi amor ‘a primeira vista, apaixonou-se por uma velha câmera, vive recluso no meio do mato. Ele e sua amada.

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