terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

CRAQUE x CRACK

                   O moleque era bom de bola, não tinha pra ninguém. Na hora da escolha dos times era sempre o primeiro a ser chamado e não deixava por menos. Arrebentava com o jogo. Com dribles que deixavam o marcador procurando a bola, uma habilidade fora de série, um chute potente e quando preciso um toque de leve desconsertando o goleiro. O gol era um companheiro constante e fazia de tudo quanto é jeito.
Já tinha gente de olho nele para levá-lo para um time grande de São Paulo. Enquanto aguardava esse dia, seguia participando de campeonatos da região. Era figurinha carimbada e jogava ao mesmo tempo em três competições diferentes e sempre com enorme destaque. Na casa dele, arrumava uma maneira de poder guardar todos os troféus e medalhas de melhor jogador e artilheiro.
E foi levando, levando, conquistando e
vencendo, até que um dia foi levado.
Já não tinha a mesma vontade de jogar, a bola começou a bater na canela, corria ou tentava correr para não chegar, respiração ofegante, cansado e, ao invés de brilhar nos campos, passou a ter cadeira cativa no banco de reservas e perdeu a alegria de jogar.
O craque da bola havia perdido a batalha para o crack da vida, ou melhor, da morte.
Não sou nenhum especialista nesse assunto, mas acredito que as políticas sanitárias e de segurança pública não conseguem atingir seus objetivos e assim, o poder destrutivo do crack torna-se cada vez mais forte.
Talvez um dos pontos fundamentais na questão de combate ao crack comece por um eficiente trabalho de prevenção. Mas quem irá executar esse trabalho? O professor, os pais, o cidadão comum? Desde que haja uma preparação para essa tarefa e, principalmente, que seja feita de maneira constante, permanente e incansável, quem sabe consigamos o triunfo esperado.
O jogo já começou, o adversário é difícil de ser batido, mas temos que seguir em frente, tentar o gol e calar a boca do crack e, enfim podermos vibrar com nossos verdadeiros craques da bola, da vida e da sociedade, fazendo muitos gols e vencendo esse desafio.
O espírito do esporte é uma expectativa de uma vida saudável e feliz, ao contrário do crack que nada mais é do que uma sentença de morte.

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