segunda-feira, 25 de junho de 2012

FUTEBOL SEM FRESCURA

       
A gente dava a volta ao mundo de bicicleta, descia as ladeiras da vida de carrinho de rolimã, bagunçava com toda a vizinhança, tinha o dia de polícia e ladrão, de empinar papagaio, as peladas na rua, nos terrenos baldios. Com camisa, sem camisa, calções surrados, calça comprida, qualquer tênis, descalço e a bola podiam ser qualquer uma, de plástico ou capotão.
Mudou muito. O moleque já sai de casa todo arrumadinho, o uniforme do Barcelona novinho em folha, calção e camisa impecáveis, o meião, caneleiras e a chuteira "da hora".
E o futebol perdendo a graça, enquanto a mãe, toda orgulhosa, levando o filho para a escolinha de futebol, cabelo com gel e frescura em cima de frescura.
Poxa!!! a molecada limpinha, nada de joelho ralado, nem nariz escorrendo. Ou joga sua bolinha na rua e volta irreconhecível para casa, todo sujo, suado e ralado, senão... esquece.
Na rua, o jogo rolava naturalmente, uma bola velha, pedaços de joelhos ficando pelo asfalto, vizinhos chiando do barulho e o inevitável “já pra casa" das mães, embora sempre se tentasse uma prorrogação desses berros.
E lá vai ele para a aula. O campo de grama sintética, arquibancada para os pais assistirem aos treinos, vestiário limpinho. Assim como os cursos de inglês, as aulas de natação e judô, o futebol agora também tem dia e hora para se jogar.
Está certo que o mundo mudou, os problemas de segurança se agravaram, mas as velhas peladas de rua perderam espaço para um futebol sem graça. Tem mais é que jogar bola na rua, na praia, nos parques, com traves improvisadas, sem juiz, sem técnico, com qualquer bola, com o tênis deixando ‘a mostra o dedão todo arrebentado, sem hora pra acabar, mas jogando a verdadeira pelada.
Se o moleque jogar bola com prazer, tiver talento, muita perseverança, que o diga o capitão Cafu e uma dose de sorte, uma etapa da caminhada será cumprida para que alcance seus objetivos.

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