sexta-feira, 25 de março de 2016

ELE E A BICICLETA

                  

 Não tinha pra ninguém. Colocava qualquer um que tentasse enfrentá-lo, no bolso. 
Era o rei do ciclismo e a bicicleta fazia parte do seu corpo.
Se estivesse numa ciclovia e encontrasse alguém pelo caminho, era o que mais gostava, transformava aquele simples passeio numa importante competição e perder, jamais. Ia pra cima, apertava as pedaladas e deixava seu oponente para trás.
Afinal, ele era o melhor na ciclovia. Adorava se exibir, uma ladeira íngreme era um prato feito. Descansava o tronco, liberava as mãos e o ego ia lá em cima, com todos apreciando a sua qualidade, o maior de todos.
Passava por um grupo de pessoas e aquela energia extra tomava conta, tanto das pedaladas quanto de sua imaginação.Todos observando, elogiando sua destreza em cima das duas rodas, era o momento de buscar algo mais radical, pois a ocasião merecia isso.
Algumas lombadas  e outros tantos buracos pelo caminho, o que limitava um pouco a velocidade da bicicleta, além de muitos pedestres cruzando o tempo todo.
Mas ele era o cara, adorava um desafio, acelerou cada vez mais, saltou com folgas a primeira lombada, desviou de um buraco enorme, a velocidade aumentando, uma lombada ainda maior, pegou um super impulso, como se quisesse chegar no céu e na hora da aterrizagem, não teve jeito, foi de cara no asfalto, a bicicleta deslizando sem parar, os dois todos arrebentados, mas, que nada, não deu o braço a torcer.
Levantou-se com muita dificuldade, carregando sua companheira nas costas e foi-se embora sem olhar para trás.

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