quinta-feira, 17 de março de 2011

JOÃOZINHO E MAIS 10

                                Histórias e Estórias do Vado

                                Joãozinho e mais 10
Final de jogo! E não me venham falar da garra do Lúcio ou da classe do Juan, sem dúvida alguma, grandes zagueiros.
Mas o Joãozinho era inigualável. Não tinha estatura de zagueiro, cultivava, com muito zelo, uma proeminente barriguinha e sempre levava com ele um espírito brincalhão.
E lá chegava ele, seja no campo do Sertão ou em qualquer outro campo que íamos como visitantes; não tinha tempo ruim, aproveitava para pegar no pé de alguns de nós, companheiros de equipe, já ia logo fazendo amizade com o dono do bar, sem contar com a habilidade de estreitar os laços com os adversários, um embaixador da paz, com certeza.
A chegada no vestiário era um ritual para ele. Acomodava-se num canto, a bolsa de seu material sempre ao lado, hora da massagem com a pomada milagrosa para aliviar suas dores e, quem sabe, lhe dar super poderes para enfrentar os adversários logo mais. Já devidamente protegido de possíveis contusões, partia para a fase seguinte da preparação e,  como se fosse uma cartola de mágico, ia tirando modelos diferentes de chuteiras, para  gramados altos, baixos ou um misto de terra e grama, até que  o par perfeito aparecesse.
Na distribuição do uniforme,  meias  entregues , camisa de zagueiro  e um calção largo, de preferência. Joãozinho estava pronto para o jogo, alonga aqui, alonga ali, breves corridinhas dentro do vestiário.
Escalação definida com o Joãozinho e mais 10, Miramar em campo, mais uma corridinha no campo, mas sem forçar  pois sabia que teria 90 minutos pela frente.
Cézinha , grande amigo, chama todos pra roda, rezamos por um bom jogo e, bola pra frente. Lá na zaga, ele saltitando e pronto para o jogo.velocidade não era seu forte, muito menos a sua impulsão, que chegava, talvez, a 2 ou 3 cm, saindo do chão, mas uma qualidade técnica dentro de campo, ele tinha; seu senso de antecipação e desarmes certeiros nos adversários, embora nem sempre chegasse a tempo em função de seu arranque ou falta dele, mas que tentava, tentava.
Dentro das quatro linhas ele era da paz, tentando acalmar os companheiros, principalmente os da  zaga, alguns deles, com a idéia fixa que se passasse a bola, o centro avante ficaria pelo caminho.As discussões com o juiz da partida, deixava para os outros, embora, por vezes, tenha perdido a paciência, mas, normalmente ficava na dele, impassível e repetindo que era apenas um jogo de veteranos, que não deveríamos esquentar a cabeça.
Joãozinho, um grande cara, amigão, que viveu a vida do jeito que gostava.A zaga do Miramar nunca mais será a mesma.

*Homenagem do companheiro de zaga por tantos anos e da equipe do Miramar.

2 comentários:

  1. Querido amigo, parabéns pelo blog! Vou seguir você para estar sempre em contato. Beijos!

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  2. Querido Vado, parabéns pelo blog e por suas histórias/estórias, direto dos "mares do sul", como diz o Escoteiro.
    Voltei a 1970, lendo "sem lenço, talvez..."
    Beijos.
    Suely

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