segunda-feira, 21 de março de 2011

Sem lenço, talvez...mas nunca sem documento!!!

Anos 70... a chuva desabando em São Paulo, mas esse não era o problema, o jogo era no Pacaembu, Palmeiras X Santos... e eu, como fanático palmeirense... não ia perder esse jogo por nada e, junto comigo, o fiel amigo Chico, corinthiano.
Eu morava na Rua Teixeira da Silva e, meu amigo, na rua de baixo, Otávio Nébias, esquina com a Rafael de Barros. A tempestade não dava tréguas e a solução foi apelar para os nossos pais; peguei emprestado um casacão que ia um pouco abaixo dos meus joelhos, enquanto que o corinthiano deu uma cantada no pai e levou uma capa de chuva, também na altura dos joelhos e uma boina à la francesa.
E lá fomos nós... rumo ao Pacaembu, pegando um ônibus lotado na Paulista, e, como a chuva insistia em continuar a cair, deixamos pra lá o tradicional "churraquinho de gato", sem escalas para a bilheteria, com o bilhete na mão da arquibancada... prontos e ensopados para o jogo.
O jogo? Nada demais... 1 X 1, mas estava apenas começando...
Fim de jogo e lá fomos nós de volta pra casa... mas antes, uma passadinha no Fliperama da Alameda Santos, ao lado do Dinhos Place...
Eram umas oito da noite... a gente se divertindo... o tempo passando... ainda com fichas no bolso... apenas fichas e uns trocados... problemas à vista!!! Já passava das dez da noite... e... game over vai... game over vem... nem notamos a entrada do que parecia um desfile militar... e... eles vindo e revistando todos que viam pela frente... o filme passa rápido em nossas cabeças... anos 70... militares... a chuva... a capa e o casaco... mãos nos bolsos... fichas esperando serem jogadas... eram três... mas não fichas e sim policiais, parados à nossa frente... o sargento ou seja lá qual fosse a sua patente... era japonês... nada diplomático, foi logo pedindo os documentos... e... nada!!!
Por causa da chuva, resolvemos não levar as identidades... não teve conversa... o camburão... aquela velha Veraneio, nos esperava... entramos... e pelas frestas íamos olhando... sem sabermos para onde estavam nos levando... será que num beco... e... de costas para o muro... um palmeirense e um corinthiano a menos nos estádios?
O freio nos acorda daquele pesadelo... e descemos... na Delegacia da Tutóia... talvez estivéssemos melhor no muro... sabe como é? Cada um correndo para um lado... 2 p/1... mas a Tutóia era nosso destino... uma cela 3x4, um bêbado sentado no chão... outro, cabisbaixo, havia comido e bebido do melhor no Dinhos, mas havia "esquecido" o dinheiro.
O bêbado era boa gente, sentamos junto com ele, rabiscamos um jogo da velha no chão... e eu, minuto a minuto, batia na porta, tentando convencer o delegado para entrar em contato com meu pai, porém, sem sucesso.
Após muitos rabiscos no chão e batidas na porta, o delegado atendeu a meus pedidos e, em cinco minutos, meu pai estava lá; o delegado escutou meu pai, entendeu a situação e nos liberou... UUUUUFFFAAAAAAAA!!!
Passados quase quarenta anos... e com Sol ou com chuva... há sempre um lugar reservado para meus documentos.

Um comentário:

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK ESSA EU NAO SABIA....MAS TB FIQUEI PRESO NESSA DELEGACIA, POREM O PAPAI ESTAVA NA EUROPA...FIQUEI DAS 11,40 DA NOITE ATE 5 DA MATINA.

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